professores discutem legislação do novo ensino medio
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Discutir o Novo Ensino Médio e preparar seu quadro de professores para essa nova realidade da educação brasileira. Com esse objetivo, a Equipe Gestora da Escola Estadual de Ensino Médio João Ribeiro, promoveu um encontro de formação, na última quarta feira (21), no auditório do Sinteac.
Foram 4 horas, de estudos, análises da nova legislação e debates intensos, acompanhados pela equipe gestora, especialmente a Diretora Professora Ilca Frota, que não só deu boas vinda, mas, participou ativamente das discussões.
Professores Aldomir Albano, Nedina Yawanawá e Cátia Regina Coordenadores Pedagógicos da escola conduziram os trabalhos com muita competência.
NOVO ENSINO MÉDIO.
Uma escola que dialogue com a realidade atual, que se adapte às necessidades dos estudantes e os prepare para viver em sociedade e enfrentar os desafios de um mercado de trabalho dinâmico: essa é a proposta do novo Ensino Médio.
Como destacam Alejandra Cardini e Belén Sanchez, as escolas de nível médio devem “garantir a toda a população os conhecimentos necessários para enfrentar a transição para a vida adulta, seja pela continuação dos estudos de nível superior, seja pelo ingresso no mercado de trabalho, seja pela vida em comunidade”.
Os desafios são muitos. O primeiro deles é assegurar que os alunos aprendam o suficiente, já que no Brasil, mais de 70% dos estudantes concluem o Ensino Médio sem o domínio satisfatório de conhecimentos em português e matemática. Combater a evasão escolar, que atinge 41% dos jovens brasileiros, é outra prioridade. Para isso, o novo sistema propõe um modelo de ensino mais flexível, que dê autonomia ao estudante para construir seu caminho de aprendizagem junto à escola.
Conheça as principais propostas do novo Ensino Médio e saiba como essas mudanças vão impactar a vida dos estudantes e também a formação de novos profissionais.
O que é o novo Ensino Médio?
O novo Ensino Médio é uma reforma na grade curricular aprovada durante o governo do ex-presidente Michel Temer pela lei nº 13.415/2017, que alterou as Diretrizes e Bases da Educação Nacional e estabeleceu mudanças na estrutura do ensino.
Além de ampliar o tempo mínimo do estudante na escola de 800 horas para 1.000 horas anuais, o novo sistema define uma organização curricular mais flexível e adota uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que estabelece um currículo comum obrigatório para todos os alunos. As redes e escolas terão até 2022 para se adaptar à nova legislação.
Quais são as mudanças propostas?
As principais mudanças do novo Ensino Médio são o aumento da carga horária dos estudantes, a adoção de uma base comum curricular e os itinerários formativos. Entenda cada um deles a seguir.
Carga horária ampliada
Com o novo sistema, a carga horária será ampliada de 2.400 horas para 3.000 horas. Desse total, 1.800 horas serão usadas para as aprendizagens comuns e obrigatórias estabelecidas pela BNCC, e as outras 1.200 horas serão destinadas ao itinerário formativo.
Outra novidade é a proposta de que todas as escolas de Ensino Médio sejam de tempo integral, com uma carga horária ampliada para 1.400 horas anuais — o que equivale a 7 horas diárias. A implantação será progressiva e possibilitará ao aluno mais tempo para realizar seus estudos e também se dedicar a oficinas, práticas esportivas, além de ter apoio de profissionais para a elaboração do seu projeto de vida.
Base Nacional Comum Curricular
A proposta da BNCC é garantir a todo estudante brasileiro, de escolas públicas e privadas, aprendizagens comuns e obrigatórias, que preparem os jovens para o mundo do trabalho e permitam um pleno exercício da cidadania.
A Base Nacional Comum Curricular é organizada por 4 áreas de conhecimento: Matemática, Linguagens, Ciências Humanas e Ciências da Natureza, sendo português e matemática as únicas matérias obrigatórias nos 3 anos.
Cabe ressaltar que a BNCC não exclui as disciplinas, mas disponibiliza esses conhecimentos de forma diferenciada. Isso significa que, obrigatoriamente, os currículos de todas as escolas devem incluir o ensino de habilidades e competências relacionadas à Língua Portuguesa, Matemática, Geografia, História, Física, Química, Biologia, Artes, Educação Física, Sociologia, Filosofia e Inglês, tendo o estudante 1.800 horas para concluir esse percurso.
Além disso, o modelo de organização por áreas do conhecimento estimula novos formatos de ensino e a interdisciplinaridade. A proposta é tornar as aulas menos expositivas e mais dinâmicas, favorecendo a realização de oficinas, projetos e atividades que estimulem a participação dos estudantes e conectem conhecimentos e professores de diversas áreas.
Itinerários formativos
Para conectar o ensino com a realidade e preparar as novas gerações para o mundo do trabalho, umas das apostas do novo Ensino Médio é a flexibilidade. Para isso, os alunos terão a oportunidade de iniciar um itinerário formativo no primeiro ano de ensino.
A proposta do itinerário formativo é que o aluno escolha, de forma consciente e responsável, um percurso de aprendizado que dialogue com seus interesses, anseios e aptidões.
Constituídos por um conjunto de disciplinas, oficinas, projetos, núcleos de estudo e outras situações de aprendizado, esses itinerários oferecem ao jovem a possibilidade de um estudo aprofundando em uma ou mais áreas de conhecimento, ou ainda a formação técnica e profissional.
Para auxiliar os alunos nessa decisão, o novo Ensino Médio torna obrigatório que as escolas criem espaços e tempo de diálogo com os estudantes para que eles possam avaliar seus interesses, conhecer cada uma das possibilidades e, a partir daí, desenvolver seu projeto de vida.
Além de favorecer uma opção consciente, o projeto de vida também pode auxiliar o estudante a desenvolver outras habilidades, como ser cooperativo, saber expressar e defender suas ideias, perceber, respeitar e analisar o mundo ao seu redor, entender e fazer o uso adequado das tecnologias etc.
Cabe ressaltar que as redes de ensino terão autonomia para definir, de acordo com a realidade local, quais itinerários formativos vão ofertar. Caso disponibilizem a formação técnica e profissional, ao final dos 3 anos, deverão certificar os jovens tanto no Ensino Médio quanto no curso técnico ou nos cursos profissionalizantes realizados.
Como as Instituições de Ensino Superior podem se preparar?
Para garantir a qualidade dos cursos e atender às demandas do novo Ensino Médio, é preciso que as IES comecem a repensar os currículos das licenciaturas de modo a preparar os futuros professores para as novas exigências da sala de aula.
Formar profissionais que dominem não apenas o conhecimento específico de uma disciplina e se integrem a uma das áreas de conhecimento é fundamental. Para isso, é preciso investir em uma formação interdisciplinar, que possibilite, já na graduação, um trabalho integrado a diferentes áreas.
Também é importante incluir nos currículos novas metodologias de ensino-aprendizagem, que auxiliem os futuros professores a pensar formas de educar que ultrapassem o modelo tradicional de aulas expositivas.
Além disso, dada à possibilidade de que profissionais de “notório saber” sem diploma de licenciatura atuem na formação técnica e profissional dos alunos, é importante que a IES ofereça, na formação acadêmica, metodologias de ensino que os preparem para essa nova oportunidade.
Outra aposta do novo Ensino Médio que deve ser considerada pelas Instituições de Ensino Superior é a continuidade de estudos. O novo sistema poderá ser dividido em módulos, organizados em um sistema de créditos. A ideia é que essa carga horária adquirida possa ser usada para o aproveitamento de disciplinas nas IES. Antecipar o planejamento desse aproveitamento pode ser um diferencial na captação dos alunos.
Como mostramos neste texto, o novo Ensino Médio impacta não só o ambiente escolar, como impõe desafios para as IES. Preparar-se para essa nova realidade é fundamental não só para uma formação adequada e imediata dos futuros docentes, mas para receber esses jovens formados pelo novo sistema, e que em breve serão os novos integrantes da comunidade acadêmica.
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